"Diego está que vuela". Foi uma das manchetes do Jornal Olé, um popular periódico argentino, em sua edição na internet, após a classificação da Seleção de Maradona (foto), em pleno Uruguai, para o Mundial de 2010, na África do Sul. Dizer que Maradona estava flutuando foi poético em relação ao que ele próprio disse à imprensa: "Que la chupen y que la sigan chupando. Que la mamen".
Parecia uma versão argentina do técnico Dunga, após o empate sem gol com a fraca Venezuela, perante mais de 23 mil pagantes, no estádio Morenão, em Campo Grande (MS). Por aqui, Dunga só não mandou a imprensa chupar..., mas voltou a ser malcriado, pedante e respondão. Sobre possíveis experiências até a Copa, ele insinuou que a imprensa quer escalar quem não joga no exterior, como se jogar lá fora fosse pré-requisito.
Dunga não teria sobrevivido na Seleção Brasileira caso tivesse tido uma trajetória parecida com a de Maradona na equipe argentina. É verdade que sofreu restrições gerais por não ter experiência como treinador, mas desbancou a desconfiança com números expressivos, bastando lembrar as conquistas da Copa América, Copa das Confederações e classificação antecipada em três jogos para o Mundial, com desempenho de 75%.
Diego Maradona enfrentou a imprensa para sustentar uma briga com Riquelme, fez trapalhadas na escalação da equipe, perdeu jogos importantes e ganhou descrédito geral. Diferente, não. Antes da vitória apertada sobre o Uruguai, com um gol salvador do reserva Bollati, aos 40' do 2º tempo, uma pesquisa do Olé mostrou que a torcida não acreditava na classificação com vitória (26,4%) e sim com empate (28,8%).
A imprensa "fritou" Maradona e respirou aliviada. Disse o Olé: "Foi uma vitória histórica. Enfim, terminou o sofrimento. Agora, é trabalhar para o Mundial". Maradona explodiu de euforia, abraçou Carlos Bilardo (secretário técnico), chorou e defendeu os jogadores. Rebatendo as críticas, disse estar consagrado como técnico. Essa versão caberia bem no Dunga, mas ele prefere ser revanchista.
Maradona começou com apôio, brigas e trapalhadas, mas termina convicto de que passou na prova final e está aprovado; Dunga começou sob protestos, driblou bem os conflitos, foi vitorioso, mas termina com a sensação de quem não amadureceu. De forma grosseira, Diego mandou a imprensa chupar..., mas não deixou passar a oportunidade de "flutuar". Que o Dunga aprenda, pelo menos, que o mal-humor também tem limite.
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