Se eu tivesse esse direito, faria um pedido aos deuses da bola: "Salvem os ídolos, título utilizado para diferenciar os craques e goleadores, também sujeitos às mazelas da vida como nós outros pobres mortais". Não faria esse pedido por achar que os ídolos são imortais. A obra deles, sim, e não deveria ser manchada. O que direi aos meus netos para justificar a trajetória vitoriosa de alguns ídolos, dentro de campo, se fora dele, suas vidas nos envergonham?
Posso falar muito sobre o Super Mário (foto 1), assim chamado pelos portugueses, por ter marcado 186 gols em 186 jogos, arrebatando o título de maior artilheiro português. Precisarei de algum tempo para contar como ele conquistou milhares de torcedores do Porto e do Sporting, depois de deixar o Ferroviário Atlético Clube (CE) para ser revelado pelo Vasco da Gama (RJ) e estourado como artilheiro no Grêmio porto-alegrense (RS).
Mas o que direi sobre o Sr. Mário Jardel Almeida Ribeiro? Não gostaria de falar sobre seus tropeços, incompatíveis com seus cinco Troféus Bola de Prata e suas duas Chuteiras Bola de Ouro. Não gostaria de expor matéria recentemente escrita por Rodrigo Cardoso, em ISTO É, com o título "A cocaína destruiu o meu lar".
Do outro lado, posso falar muito sobre o Baixinho Romário (foto 2), que assim como Jardel nasceu no Vasco e fez história na Europa. Foi artilheiro e campeão, também na Seleção Brasileira, causando calafrios aos zagueiros. Resistiu ao tempo, às dores musculares para provar que marcaria mais de mil gols. Não satisfeito, lançou novo desafio: vai jogar no América (RJ) para atender a um pedido do seu saudoso pai, Edevair de Souza Faria.
E o Sr. Romário de Souza Faria, o que direi sobre ele? Fora de campo não é o mesmo gênio. Anda se embaraçando com as armadilhas deixadas pelo caminho, enquanto driblava os zagueiros e achava que poderia driblar as verdades da vida, enbevecido pelo sucesso. Não gostaria de mostrar outras fotos que não fossem com a bola na rede.
Infelizmente, não tenho como fazer esse pedido aos deuses da bola. Eles nem me ouviriam. Mas eles não deveriam dar aos ídolos o direito de errarem tanto, de não terem a consciência do que são, de apagarem um passado de glória para escreverem um presente de absurdos conflitos. Talvez, os ídolos assim sejam abandonados pelos deuses, como filhos desobedientes, rebeldes, travessos. Que pena!
Desde o início da temporada sonhamos com a volta de Jardel, aos 35 anos. Não deu no Ferroviário. Quase deu no Rio Branco (AC) e em Montevidéu, no Uruguai. Será que vai dar no América (CE), pela terceira divisão cearense? A estreia está marcada para essa quarta-feira, às 20h, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. E Romário, aos 43 anos, quando vai estrear no América (RJ), pela segunda divisão carioca?
Em pelo menos uma coisa eles coincidem nesse melancólico fim de carreira: vão jogar no América. Será que os deuses ficaram chateados por eles terem trocado as Américas, no auge das suas carreiras, pelas terras europeias? Não se sabe. Seja lá o que for, que eles consigam pendurar as chuteiras com a dignidade dos ídolos e a proteção dos deuses da bola. Chega de trapalhadas.
2 comentários:
Concordo com vc, os deuses da bola não salvam os rebeldes e acrescentaria ainda que o DEUS superior também.
Como cristã, em plena reforma íntima, me compadeço com as desgraças da vida intima desses atletas citados, como dezenas de outros que podíamos citar aqui, mas por outro lado, não devemos pedir aos Deuses do futebol imunidade a essas pessoas, e sim que tenham mais humildade e saibam lidar com a fama e o dinheiro, que pra maioria de nós pobres mortais,
nem sabemos "contar". Como sempre o mal do mundo é a falta de humildade para com tudo na vida, e esquecendo sempre que tem alguem lá em cima que é sempre justo.
Parabéns!!
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