Há quatro anos começava a "agonia" do estádio Presidente Vargas, carinhosamente chamado de PV, localizado no bairro do Benfica, próximo à Praça da Gentilândia, fácil de ser acessado pelos torcedores de todos os bairros da cidade de Fortaleza. Lembro-me bem de uma tarde de domingo, em 2007, quando uma ventania quase colocou abaixo a cobertura de zinco sobre as cadeiras numeradas - no mesmo lugar da atual cobertura (veja a foto).
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Fizeram uma improvisação, nada aconteceu naquela tarde, mas a cobertura foi retirada depois. A Prefeitura prometeu corrigir o problema em 15 dias. Eu duvidei, no microfone da Rádio Globo Fortaleza, e tive de encarar fervoroso discurso do então chefe de Esporte e Lazer da SER IV, Marcos Pinto, que não levava em conta nem sequer os prazos de licitação.
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O tempo passou, nem cobertura nem nada. As denúncias começaram a ser cada vez mais freqüentes sobre outras áreas do estádio com riscos de desabamentos por corrosão. Em dezembro de 2007, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Ceará (Crea-CE) diagnosticou uma série de problemas estruturais no PV e recomendou que não fosse realizada nenhuma atividade esportiva, naquele estádio, antes da realização de testes de corrosão e impacto.
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A pressão foi tamanha que a Prefeitura resolveu contratar técnicos da Universidade Federal do Ceará. As denúncias foram confirmadas. O PV não foi fechado, apesar dos alertas. A capacidade de público do estádio foi reduzida a 10 mil lugares para os jogos do campeonato estadual, enquanto aguardava-se o resultado dos testes. Mas o que determinou a interdição do PV, em fevereiro de 2008, foi a repercussão do desabamento de parte das arquibancadas (praticáveis), instaladas ao longo da av. Domingos Olímpio, no domingo de carnaval.
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No dia seguinte, a Prefeitura de Fortaleza anunciou a interdição do PV, surpreendendo a todos que já aguardavam o jogo entre Fortaleza x Horizonte, pelas semifinais do estadual. Daquele instante até agora, o PV tem sido alvo de muitas "estórias", muitas datas, muitas fantasias e poucas certezas. A prefeita Luizianne Lins desaparece do cenário e só reaparece quando a imagem da Prefeitura está sendo desgastada perante a crítica e a opinião pública.
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As decisões sobre o PV têm sido tomadas a passos de tartaruga e a olhares do bicho preguiça. Não vou arranjar culpados, mas a morosidade é irritante. E tenho dito que não fosse a Copa 2014, o PV jamais seria reerguido ou sei lá quando seria movida uma palha por lá. Há informações que a Construtora responsável pelas obras reclama das alterações constantes do projeto original para atender a apelos populares.
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Até acreditei na primeira data anunciada para entrega das obras: agosto de 2010, embora não fosse um prazo confiável tecnicamente. Como acreditar, agora? Passaram para janeiro, fevereiro, abril... Que não seja 1º de abril - um dia próprio para brincadeiras de mal gosto. Ainda que insistam em reabrir o estádio em abril, será penoso ver uma obra que saiu com tanto esforço ser vítima de um aleijão. Ou não será feio um praticável para abrigar a crônica esportiva e convidados em meio a uma milionária obra, novinha?
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Não vão faltar apologistas ao monstrengo, eu sei. Até entendo, mas confesso que o medo maior é saber que o monstrengo poderá ter de esperar por outras "urgências" da Prefeitura de Fortaleza (que existem), ou até por outros Governos. Aqui pra nós, obra inacabada ser inaugurada com pompas e cair no esquecimento não é nada imoral nesse Brasil afora. Pelo menos para mim, é imoral e ilegal!
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