Esse primeiro domingo de agosto tinha tudo para ser sossegado - do início ao fim -, mas é impossível não se incomodar com algumas situações. Me desliguei um pouco do futebol para relaxar e, mesmo sem querer, fiquei irritado com o desprezo dado à periferia da cidade e à saúde da população pobre, que a cada eleição sonha com governantes mais competentes e preocupados com suas reclamações básicas.
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Ainda bem que ao ligar do rádio pude ouvir boas notícias do futebol. Claro, nem todas agradaram. Mesmo assim, fiquei menos aborrecido. Afinal, o Ferroviário venceu o Treze (PB) com o placar de 2 x 0, gols de Ivan e Juninho, e assumiu a vice-liderança do Grupo 3 da Série D. O Icasa aplicou 4 x 0 no Confiança, com gols de Pantico, Marciano (2) e Carlinhos, e se classificou como líder no Grupo B da Série C.
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Tudo ficaria sossegado se o Esporte Clube Vitória (BA) não tivesse tomado 1 x 0, do São Paulo, em pleno estádio Barradão. De qualquer maneira, a diretoria tranquilizou a torcida, assumindo a derrota em vez de culpar o técnico. Na sequência, anunciou que pode contratar o artilheiro do Fortaleza, Marcelo Nicácio, embora Carpegianni esteja cobrando a contratação de zagueiros.
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Foi o que compensou, no início da noite, porque a tarde e a noite-madrugada foi de tirar santo do altar. À tarde, fui ao bairro Bom Jardim, zona norte, periferia de Fortaleza, a convite de um amigo que festejava aniversário. Quando cheguei por lá tive a impressão que iria participar de um rally ou competição parecida, tal a quantidade de buracos nas principais ruas e avenidas do bairro.
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Fiquei chocado com "A Fortaleza Bela" da prefeita, Luiziane Lins, reeleita com a esperança de mais de 600 mil eleitores, sedentos por atenção aos seus problemas básicos. Os olhos não podem negar a fotografia dos buracos à retina atenta. Buracos, lama, desvios, ônibus vagarosos, veículos maltratados e arrebentados, pessoas tratadas como porcos na cocheira. Nada belo e um jeito de abandono.
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Quando pensava em repousar o fardo desse dia misto-quente eis que recebi uma ligação telefônica. Um amigo, do outro lado da linha, com a voz apressada e amedrontada dizia estar sozinho e sentindo um mal-estar. Lá fui eu. Como estávamos próximo do IJF - Instituto José Frota (maior hospital da cidade) sugeri que passássemos ali para uma simples verificação de pressão arterial. Lá, outra decepção.
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Inicialmente, diversas dificuldades alegadas pelo atendente. Depois, um médico que caminhava tranquilamente pelo corredor disse que o plantão estava reduzido a três médicos. Assim... (com os braços abertos) sugeria que procurássemos "outra freguesia". Do lado de fora estavam três ambulâncias do Samu. Nem "pelo amor de Deus" foi possível verificar a pressão arterial com os paramédicos. Acredite! Disseram não ter o aparelho (esfigmomanômetro) na ambulância.
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Fiquei pensando como faz um pobre mortal que sente um mal-estar no meio da rua ou mesmo em casa e não tem o famigerado Plano de Saúde. É melhor pensar em morar bem ao lado do Posto de Saúde e só adoecer durante o dia. Antes, porém, deve combinar com os médicos do plantão para que eles não faltem. E as ambulâncias do Samu para que servem mesmo?
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Nessa história toda, depois de ter passado a madrugada em claro, chego à conclusão de que "A Fortaleza é Bela" para Ela, só para Ela. Quanto às ambulâncias do Samu, lamentável constatar que as Hailuxos são utilizadas para prender até os que roubam a vida e as Vansucatas são utilizadas para atender quem luta para não perder a vida.
Um comentário:
parabéns pela bela explessão., de alerta.,augusta.,dessapontamento...tantos que não tem como apelar por que acha que não chega aos orgãos competentes, aí vai deixando-se calar....que bom ter alguém que mesmo no seu lazer olha um pouco para os lados.
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