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    sábado, 23 de julho de 2011

    As dores que afetaram Ferdinando

    Com arte, o torcedor tricolor revela sua passionalidade 

    A decisão do técnico Ferdinando Teixeira, 65 anos, de anunciar aposentadoria logo após a estreia com derrota na Série C do Brasileiro, abre um leque de provocações, especulações, insinuações e, mais uma vez, abre o caloroso debate em torno das ingerências que atrapalham as comissões técnicas de equipes de pequeno e médio porte. A críticas maldosas saltaram os muros do Pici e atingiram Ferdinando em cheio.

    "O pau que dá em Chico dá em Francisco", segundo o velho e pertinente adágio popular. O torcedor tricolor sentiu na pele a gozação que fez com o torcedor alvinegro, dias atrás, quando o meia Belletti anunciou aposentadoria depois de ter assinado contrato com o Ceará. A diferença é que Belletti não suportou as dores do corpo e Ferdinando Teixeira não suportou as dores da alma.

    Ao explicar a decisão, Ferdinando admitiu que o corpo não reagiu bem após a derrota para o CRB/AL, por 1 x 0, mas admitiu, também, ter consciência que uma parte da diretoria queria que ele saísse do comando da equipe. Os ataques sofridos não atingiram só a pressão arterial do técnico. Sabiamente, como bom professor, Ferdinando juntou o útil ao agradável (para alguns) e decidiu voltar para casa.

    Ciúmes, jogo de vaidades, choque de ideias, entre outras situações, precisam ser administradas pela diretoria para que a comissão técnica não seja afetada. Pelo visto, isso não aconteceu nesses dias pós derrota. Todos têm direito de desejar esse ou aquele jogador no time, muitos escalam o time preferido, mas o técnico tem o direito supremo (intocável) de escalar o time que achar melhor. Pelo visto, isso não aconteceu no tricolor.

    As respostas às interrogações, que porventura ainda existam, foram dadas pelo técnico Arnaldo Lira ao listar as exigências para aceitar o desafio de substituir Ferdinando. Lira pediu R$ 40 mil/mês, R$ 40 mil de "luvas", cinco jogadores indicados por ele e NENHUMA interferência no trabalho técnico. Para alguns, a pedida foi exagerada e esnobe. Entendo que a pedida foi provocativa. Lira já sabe o que enfrentaria por aqui.

    Soube até que o conselheiro Ribamar Bezerra, autor da sondagem, estava disposto a aceitar a proposta, mas não faltou quem reprovasse a última exigência em letras maiúsculas. Essa prática de exigir resultado imediato das comissões técnicas, muitas vezes sem os jogadores indicados pelos profissionais, é comum em equipes que não atingiram solidez administrativa ou não incorporaram o estágio empresarial.

    Marcelo Villar também não veio porque sabe que não há estabilidade para desenvolver o trabalho. No Treze/PB há duas temporadas, chegou ao bicampeonato estadual, consolidando credibilidade. Preferiu arriscar mais uma temporada, com salário reajustado, a arriscar alguns jogos por uma boa quantia financeira. Assim como Lira, Villar também sabe com quantas correntes diferentes teria de lidar no mesmo clube.

    Sai do futebol um homem de bem, vencedor, com história para contar aos netos e ser contada pelos historiadores do futebol. Poderia ter saído antes, em silêncio, para buscar qualidade de vida ao lado da família, mas não rejeitou o que seria mais um desafio. Acontece que nem pôde lutar para vencê-lo porque não tinha trincheira. Sem trincheira, é melhor sair da guerra. Fica o recado aos comandantes do "quartel" Pici.

    Valeu, Ferdinando!             

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