Joseph Blatter tem o poder paralelo |
A Lei Geral da Copa, um catatau de normas que regulam o funcionamento do Mundial 2014, descansa nas gavetas da Câmara dos Deputados, em Brasília, por um simples motivo: o político brasileiro pensa e repensa antes de tomar qualquer atitude quando percebe que não receberá palmas e tapinhas nas costas.
Fosse uma atitude simpática aos brasileiros, a LGC já teria sido assinada, assim como aconteceu com o caderno de intenções, quando o Brasil pretendia ter aqui a Copa do Mundo da Fifa. Agora, não adianta dizer que ninguém sabia das regras impostas pela entidade patrocinadora da competição.
Como é próprio do brasileiro, somente depois que assina o caderno de intenções, garantindo a realização da competição por aqui, as autoridades ficam embaraçadas para admitir publicamente que tinham conhecimento das regras. Se não tinham conhecimento, ficam embaraçadas de novo para admitirem que foram negligentes.
As regras da Fifa são claras e ficam mais rigorosas a cada Mundial, afinal, a entidade persegue a qualidade, a organização e a consolidação de "melhor evento esportivo do planeta". A Fifa não anda de porta em porta pedindo licença para realizar a competição. Ao contrário, sobram concorrentes.
Nas últimas horas, recebi xingamentos, provocações, cobranças e outros impropérios como se fosse eu o responsável pela vinda da Fifa ao Brasil com o Mundial 2014. Não tenho de responder nada. Perguntem aos governantes.
Minha postura não é de defesa, nem de ataque. Sou expectador privilegiado. Entendo que as peculiaridades legais e os direitos do consumidor devem ser respeitados, mas o Poder não é meu, nem está comigo. Cabe a quem tem o Poder jurídico e político negociar os pontos que deveriam ter sido negociados antes da assinatura do contrato.
O que pega mal é ouvirmos da Fifa que a Rússia, anfitriã da Copa 2018, já assinou a Lei Geral da Copa de lá, enquanto nós outros de cá não sabemos o que dizer ao povo sobre o que deixamos de fazer (defender os interesses do país no tempo certo) e ficamos protelando um compromisso legal por populismo.
Aliás, na Alemanha, em 2006, e na África do Sul, em 2010, a Fifa negociou pontos da LGC. Cada país precisa discutir suas peculiaridades e as discute sem traumas. A diferença é que há cuidados com os compromissos e o estrelismo não toma o lugar da razão.
O que posso pedir é que os governantes brasileiros deixem de chorar como coitados, digam ao povo o que realmente eles assinaram lá atrás, conversem com a Fifa e assumam o que tiverem de assumir. Em alguns casos, como meias entradas, o caminho será a negociação de valores e aplicar subsídios. Por que não assumem isso logo?
Nem a Fifa quer mandar no Brasil, nem a presidente Dilma tem que ser mais realista que a rainha nesse episódio da Lei Geral da Copa. As regras são conhecidas e o Brasil já concordou com elas. Agora, é hora de ter habilidade para negociar. É apenas mais um ôba-ôba com o jeito brasileiro de fazer média nacional.
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