Comer espetinho de "gato" virou luxo no PV |
Definitivamente, após a reforma, o novo Estádio Presidente Vargas ficou bonito, colorido, moderno, pouco funcional e não preservou suas principais características. Localizado no bairro da Gentilândia, um braço do Benfica, beneficiado pela boa cobertura do transporte coletivo e pela proximidade do centro da cidade, o PV era ponto de encontro não só para ver o jogo, mas para a boa conversa, para a comilança e para bebemorar. Hoje, já não dá para fazer o mesmo de tempos atrás!
Com a reforma no "Gigantinho do Benfica", os espaços que sobravam na parte interna do estádio (ao redor da arquibancada) ganharam edificações, a bebida (mesmo a cervejinha gelada) já não é encontrada a uma distância de 100 metros do PV e lá dentro os preços são absurdos para quem gosta de comer e beber refrigerante. Até a necessária água mineral tem preços "salgados".
O "PV de açúcar", assim chamado por muitos, perdeu as características de estádio aconchegante e prazeroso nas tardes de domingo ou mesmo no meio da semana, após um dia estafante de trabalho, sem tempo para trocar a roupa formal pelo uniforme do time preferido. O papo, agora, é restrito à arquibancada ou, depois do jogo, nos bares da redondeza.
Comer e beber, dentro do PV, também não tem mais o mesmo prazer e charme. Acabou o espetinho fumegante, gostoso e "no preço", assim como desapareceram aquela pipoca quente e cheirosa no carrinho, aquele vendedor do amendoim, da laranja, do cafezinho, da macaxeira, do rolete de cana, do algodão doce, do churro, do picolé, entre outras bugigangas.
Quem não consegue ficar sem comer e beber por um longo período, como este cronista, tem que se render aos preços abusivos e aos mesmos produtos vendidos pelas lanchonetes do estádio. Não há escolha. Come sanduíche ou sanduíche. Se procurar, é possível encontrar o famoso "pratinho", um pequeno recipiente descartável com baião, arroz, carne ou frango e farofa. O espetinho sumiu. Agora, tem carne na chapa elétrica.
Com a modernidade, o PV virou um palco interessante para o espetáculo futebol, mas perdeu o charme e o romantismo que envolvia o torcedor. É chegar, torcer pelo time preferido e voltar para casa. O torcedor de ontem (sem saudosismo) encontra um cenário que não o satisfaz e o torcedor de hoje vive a realidade do mundo contemporâneo, marcado pelo consumismo, custo elevado, produtos industrializados e violência.
Algumas das perdas simbólicas são consequências da violência promovida pelas "torcidas organizadas". Pena que as autoridades não acabaram com elas, acabaram com o prazer daqueles que gostam de torcer, fazendo do futebol uma festa. Por exemplo, o torcedor não tem mais o direito de tremular a bandeira, vestir a camisa do time que ama e bebemorar com cerveja.
A única esperança é que o gramado do PV continue sendo palco de grandes espetáculos para o apaixonado torcedor cearense. Afinal, dar show de bola no PV ainda não é proibido e é possível.
Um comentário:
Se duvida,isso é um reflexo da violencia nos estadios,e tambem porque hoje o futebol se tornou "profissional demais".Os estadios se tornaram arenas,e o saudoso churrasquinho sucumbiu aos fast foods atuais.Por isso cada vez mais crescem os torcedores de TV por assinatura.
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