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    terça-feira, 23 de novembro de 2010

    Campo do América e a Cracolândia

    Assim será o novo visual do Campo do América, garante o secretário de Esporte do Estado, Ferruccio Feitosa, quando é interrogado sobre o futuro daquele espaço comunitário (ainda), localizado no Meireles, na esquina da rua José Villar com a rua Tenente Benévolo. Nas últimas semanas, a comunidade não fala em outra coisa e fica exposto mais um conflito de realidades da cidade que cresce desordenada e injusta.
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    O bairro pobre foi engolido pelo progresso. Ganhou delegacia, mansões, equipamentos como hospitais, escolas, comércio, Universidade Sem Fronteiras, Museu da imagem e do Som, Mausoléu Humberto Castelo Branco, Palácio da Abolição, vida urbana agitada e perigosa. Não ganhou humanização, apenas números.
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    A Fundação Dias Macedo e a Paróquia da Paz foram os primeiros a oferecer educação, o posto médico mais próximo fica na distante Av. Abolição e o lazer é espontâneo. Como pode-se perceber, o Poder não tem tido presença proativa na comunidade. Daí, a conflitante realidade vivida pela burguesia e pela pobreza no mesmo espaço físico, alimentada por uma velada disputa de interesses.
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    Ironicamente, destacam-se, hoje, como necessidades da Comunidade do Campo do América: a manutenção do campo de futebol e o fim da "cracolândia", do ou lado da quadra, entre a rua José Villar e a rua Costa Barros. Uma infeliz réplica das inúmeras "cracolândias" espalhadas pelo País por causa da falta de políticas públicas definidas para atacar a problemática das drogas.
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    A fôrça da mobilização da comunidade, em alguns dias, acordou as autoridades e evitou o leilão do terreno (publicado pelo INSS). O governador Cid Gomes prometeu negociar a compra da área, avaliada em mais de R$ 6 milhões pela especulação imobiliária. A prefeita Luziane Lins mandou representantes, mas não apareceu na mobilização do último domingo.
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    Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas, é o único cheque que a comunidade tem como garantia nessa negociação. Vencida a primeira etapa, a Cufa vai em busca da oficialização do interesse dos Governos na compra do terreno. A efetivação de um projeto sócio-esportivo vai ajudar na melhoria de perspectivas das crianças, na saúde dos adultos e na vida social de todos.
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    Agora, será preciso acontecer o quê para despertar a necessidade de outra mobilização pelo fim da "cracolândia"? São dezenas de jovens e adultos perambulando naquele trecho de rua, durante toda a noite e madrugada, sob os olhares "inúteis" da polícia. Comércio e consumo de drogas são atividades normais como um mercado paralelo.
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    Durante o dia, qualquer pessoa pode perceber a vida miserável a que os viciados entregam-se com absoluta liberdade. Não há repressão aos traficantes, muito menos qualquer iniciativa para recuperar os viciados e proteger os incautos. A polícia fica "inútil" diante da Lei frágil que não impede a circulação das drogas, não prende os traficantes e já não pune os viciados.
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    O pior dessa história é que o Governo não cumpre o prometido na Lei 11.343/2006 e também não é punido pelo Ministério Público. Ou alguém pode informar os endereços das Casas de Recuperação, construídas para abrigar os viciados protegidos pela Lei, cujas famílias não podem pagar o tratamento particular?

    Um comentário:

    Anônimo disse...

    certíssimoooo