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    segunda-feira, 31 de maio de 2010

    CEARÁ E SUA FERRADURA

    Parte da imprensa sulista aponta o Ceará Sporting como a zebra do Brasileirão 2010 e aposta que o time alvinegro não conseguirá manter a mesma performance desses cinco primeiros jogos por muito tempo. Nada contra. Cada um analisa como bem entende. A questão não é provar quem está com a verdade. No futebol, o momento deve ser respeitado; no futebol, o bom momento pode ser efêmero ou duradouro.
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    É claro que poucos (os apaixonados) acreditavam que o Ceará seria tão eficiente nesse início da competição. Os resultados, mesmo magros, foram surpreendentes. Por esse ângulo, o alvinegro pode ser considerado uma zebra, sim. No entanto, alguns cronistas sulistas consideram zebra o fato do time cearense ter vencido o Fluminense (1x0), empatado com o Santos (1x1) e vencido o Cruzeiro (1x0). E não deve ser assim.
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    O cronista deve observar que o trabalho está surtindo efeito. Não é aborto de sorte ou acaso. Depois de cinco jogos, qualquer um pode concluir que o Ceará aplica um esquema tático rígido, que está encaixando bem. Gostar ou não gostar é outro papo. O treinador PC Gusmão amadureceu uma forma de jogar que remeteu-me a uma imagem sólida: a ferradura (foto).
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    Olhando o desenho tático do time, por cima, vejo o traço da letra U. Imagina Misael lá em cima, na ponta esquerda da letra; imagina o ala-esquerdo logo atrás de Misael. Na outra ponta, lá em cima, imagina o ala-direito. Aqui embaixo, na curva da letra, imagina o goleiro; à frente dele, três zagueiros. Não muito distantes dos zagueiros, dois volantes. Lá em cima, entre as duas pontas da letra, o solitário atacante. Sobra um, exatamente o meia, responsável pela ligação do contra-ataque.
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    Com essa ferradura, o adversário tem dificuldades para ultrapassar a intermediária do Ceará, contando apenas com o corredor do meio, já que os lados estão bloqueados. A bola bate e volta. Quando o contra-ataque alvinegro encaixa, os zagueiros entram em parafuso. Quem mais sofre é o lateral-direito porque recebe a pressão de dois adversários.
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    Misael tem sido o terror dos zagueiros. Ele puxa dois ou mais marcadores. Claro que vai faltar zagueiro na área. Melhor para o solitário atacante ou quem chegar. Foi assim que Washington e Lopes marcaram seus gols, construidos por Misael. Lembra-se do meia que sobra? É o Geraldo, que tem muito campo pela frente para correr sozinho, com a marcação natural de dois ou mais adversários. Por isso, tem sentido dificuldades e não consegue ser o mesmo do Cearense 2010.
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    É só isso. A ferradura do Ceará Sporting surpreendeu e ainda não está sendo levada a sério. O treinador Adilson Batista, do Cruzeiro, só despertou depois que levou o gol, aos 39', e tentou corrigir o equívoco no vestiário. Em campo, no segundo tempo, tentou corrigir a posição tática da equipe, mas não obteve êxito.
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    Vem aí o intervalo da copa do mundo. Resta saber se o trabalho de PC Gusmão com a equipe vai sofrer alguma mudança nesse período. Só o tempo dirá. O Ceará vai disputar o Campeonato do Nordeste enquanto os demais vão treinar e estudar os adversários, com exceção do Vitória, que também vai disputar o Nordestão. O mais provável é imaginar que uma ferradura sólida não será destruida com fogo brando.

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