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    quarta-feira, 6 de outubro de 2010

    Campeões de votos da bola

    Confesso que não iria mais opinar sobre as eleições 2010, mas resolvi retomar o tema porque continuo sendo bastante perguntado sobre o desempenho, nas urnas, dos nossos candidatos ligados ao mundo da bola. Na verdade, alguns candidatos são relacionados ao futebol, por motivos diversos, embora nem todos tenham origem nesse segmento.
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    Poderíamos listar dez deputados cearenses, entre estaduais e federais, situados dessa forma. Dos cinco candidatos ao parlamento estadual, três conseguiram o objetivo, sendo três reeleições. Dos cinco candidatos à Câmara Federal, dois passaram, sendo duas reeleições. O que prevaleceu, mesmo, foi a força de voto do candidato ou do partido, porque o esporte puxou poucos votos para quem não tem proposta concreta ou serviço prestado nesse segmento.
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    O caso, por exemplo, dos deputados federais José Airton Cirilo (PT/CE), Paulo Henrique Lustosa (PMDB/CE) e Marcelo Teixeira (PR/CE), que integravam a Comissão de Turismo e Desporto, em Brasília. O deputado Airton Cirilo obteve reeleição com 103.611 votos - 3º melhor da legenda. Paulo e Marcelo não conseguiram reeleição.
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    José Airton Cirilo continua em Brasília graças à força da legenda, portanto, sem carregar qualquer influência do esporte. Tomemos como outro exemplo o deputado federal Eugênio Rabelo (PP/CE), ex-presidente do Ceará Sporting, cuja candidatura está emperrada pela "Ficha Limpa". Ele não teria recebido a votação esperada, contando com a real ajuda da torcida alvinegra como aconteceu no pleito anterior, em 2006.
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    O deputado estadual Gomes Farias (PSDC/CE), sim, foi eleito pelo voto do esporte, em 2006, como narrador esportivo, torcedor confesso do Ceará. Passada a euforia do torcedor, Farias obteve 21.674 votos e não conseguiu reeleição no pleito do último dia 3 de outubro. Foi punido pela falta de projetos concretos.
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    A torcida alvinegra mandou o mesmo recado de insatisfação ao presidente do clube, Evandro Leitão (PDT/CE), que só obteve 31.850 votos, na sua primeira investida como candidato a deputado estadual. Leitão também ficou pelo caminho. Ele e Farias disputavam votos, basicamente, entre os torcedores alvinegros.
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    Observem que o também dirigente do Ceará, André Fugueiredo (PDT/CE), que fez campanha casada com Evandro leitão, obteve um desempenho bem melhor nas urnas, com 115.647 votos e chegou à Câmara Federal - único da legenda. A diferença de votos a favor dele foi de 83.797, fruto do desempenho político fora do segmento esportivo.
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    O deputado estadual Idemar Citó (DEM/CE), vice-presidente da Federação Cearense de Futebol, carimbou a reeleição com 35.952 votos - único da legenda. Citó é outro que não pode creditar a reeleição ao voto do esporte porque só chegou à FCF no início do ano e mal aparece na mídia esportiva.
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    O deputado estadual Gony Arruda (PSDB/CE) é outro exemplo que a reeleição não contou com o voto do esporte. Torcedor confesso do Flamengo e presidente da Comissão Parlamentar para Assuntos da Copa 2014 da Assembleia Legislativa, Gony também mal aparece na mídia esportiva. Os 54.049 votos são oriundos, basicamente, de redutos no interior do estado.
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    Por último, o deputado estadual Moésio Loiola (PSDB/CE), narrador esportivo, carimbou a 6ª reeleição consecutiva, com 65.564 votos - 3º melhor da legenda. Moésio (foto) nunca deixou de narrar futebol, também nunca tentou captalizar votos com discurso de torcedor, além de ter avançado em número de redutos no interior do estado. Ao contrário dos perdedores, Moésio polarizou a votação.
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    A receita dos candidatos vencedores é a melhor. O voto "tabelado" pelo esporte pode até eleger esse ou aquele candidato, contudo, certamente não garantirá reeleição gratuita. O recado vai para os novos deputados Bebeto Tetra, eleito estadual pelo Rio de Janeiro, com 28.328 votos, e Romário, eleito federal também pelo Rio, com 146.859 votos.
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    A lição pode ser aprendida pelos que amargaram o insucesso na primeira candidatura. Se quiserem ir buscar exemplo mais distante podem consultar o deputado federal José Rocha (PR/BA), ex-dirigente do Esporte Clube Vitória, reeleito pela 4ª vez consecutiva. Embora também trabalhe pelo esporte, Rocha nunca esperou sentado pelos votos da torcida rubro-negra.

    3 comentários:

    maria mauricio disse...

    Excelente texto! Parece que o torcedor cidadão e diferente do cidadão eleitor; ainda bem né?

    Anônimo disse...

    Existe uma verdadeira insatisfação por parte do eleitorado brasileiro em relação a muitos políticos corruptos que vagam por aí, ta aí o exemplo ocorrido nesta eleição em relação a nomes como Tiritica, Romário e Bebeto, a população cansada da roubalheira sem fim e dos constantes desvios de conduta, buscaram uma nova formação, uma renovação no parlamento, os que não tiveram propostas concretas e sustentáveis ficaram pelo caminho, exemplifico aqui a não eleição de Tasso, Jáder Barbalho, Artur Virgílio, Marco Maciel, caciques em seus respectivos estados, dentre outros que não obtiveram êxito nas urnas. O voto me parece um tanto consciente. Parabenizo a Moésio por sua recondução ao legislativo cearense e aos demais eleitos citados nesta matéria.

    marcosantoniorodrigues35 disse...

    Texto enxuto,objetivo. Bela análise,Jota.Parabéns.
    Marcos Antonio(Eternamente futebol)