Confesso que senti uma ponta de frustração por não ter acompanhado de perto a implosão do Estádio da Fonte Nova, em Salvador/Bahia, no último domingo pela manhã. Dali, testemunhei momentos espetaculares do futebol baiano. Não quero ressaltar momentos tristes nem alegres porque a minha visão era neutra. Era triste para quem perdia, alegre para quem ganhava.
O fato de não ter raízes de infância na cidade nos dá essa condição ímpar de não sofrer com a paixão clubística. Mesmo depois, quando já sentia a contaminação rubro-negra no sangue, minha condição profissional jamais foi afetada. Testemunhei conquistas incríveis do EC Bahia assim como testemunhei a ressurreição do EC Vitória, entre o fim da década de 1980 e o início da década de 1990.
Testemunhei as maiores conquistas da minha geração: o Bahia construiu, na Fonte Nova, a campanha do título brasileiro de 1988, embora a ousadia do time tivesse garantido duas vitórias decisivas fora de casa (2 x 1 no Fluminense, pela semifinal, e 2 x 1 no Internacional, no jogo final). A Seleção Brasileira também construiu, na Fonte Nova, a conquista do Copa América de 1989.
A torcida baiana mostrou sua força de protesto e reagiu às indiferenças do treinador Sebastião Lazaroni, que não convocou o meia-atacante Bobô e não aproveitou o convocado atacante Charles - ambos da campanha do título tricolor. A reação foi tão forte que o quarto jogo da primeira fase foi levado para o Estádio do Arruda, no Recife, para fugir dos protestos.
Agora, vão para a história as quatro datas mais importantes do Estádio Octávio Mangabeira: 25 de fevereiro de 1942 - pedra fundamental; 28 de janeiro de 1951 - inauguração; 25 de novembro de 2007 - rompimento da arquibancada, sete mortos, dezenas de feridos e interdição; 29 de agosto de 2010 - implosão do anel superior, última etapa da demolição do estádio.
A torcida baiana merece receber, em 2012, um moderno estádio, funcional, confortável e ecológico. Quero merecer de Deus a oportunidade de estar presente ao nascimento da nova Fonte Nova para compensar a ausência ao 'desaparecimento' da velha Fonte Nova. Quero ser testemunha de mais uma etapa dessa história.
Um comentário:
Alí se foi uma vida e uma história marcante para os futebolistas, palco de grandes espetáculos e conquistas, principalmente as do glorioso tricolor bahiano, recordo - me de Bahia 0 x 0Internacional pela copa União de 1988 e aquele time mágico: Bobô, Ronaldo, João Marcelo e Charles Fabian. Muitos outros craques desfilaram ali, um outro fato marcante relatado ali foi um penalty perdido por Pelé levando inclusive a própria torcida do tricolor vaiar o goleiro por ter o defendido. Agora a Fonte Nova dar se espaço para uma arena moderna, uma nova era naquela praça esportiva, vão se embora os muros,ficam se os pés daqueles que um dia ali imortalizaram a histórica Fonte Nova.
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