Quebrei a cara!
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Nem eu nem ninguém que vinha acompanhando a seleção da Alemanha, desde o início do Mundial da África do Sul, imaginava que o time mudaria a forma de jogar na hora de decidir a passagem para a fase final. Mudou e quebrou a cara. Eu também quebrei a minha. Na derrota para a Espanha, por 1 x 0, vi uma Alemanha diferente, sem ímpeto, mansa, medrosa.
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No jogo desse sábado, contra o Uruguai, os alemães venceram muito mais pela superioridade técnica que pelo desejo de serem terceiros colocados no Mundial. Certamente, o placar não teria sido um apertado 3 x 2 se a situação fosse outra. Era visível no rosto de cada um deles a expressão de quem não estava dando importância àquilo. Os alemães mostraram mais uma vez que no futebol a falta de vontade de vencer ajuda a perder.
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Confesso que fiquei decepcionado com a seleção alemã. Ao mesmo tempo lembrei-me de um jovem amigo alemão, o Patrick, que sempre "pintou" esse quadro frio em relação a pequenas conquistas dos alemães em competições importantes como a Copa do Mundo. Eles queriam o título, mas desejaram pouco.
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Diferentemente, comportam-se os espanhóis. Até pensei que o intenso desejo da "Fúria" fosse prejudicá-los nos momentos decisivos. Errei. Parece uma seleção muito concentrada, carregada de energia, mas gastando na medida certa. O atacante David Villa, o meia Iniesta e até Puyol (que era tido como patinho feio da seleção) realizam partidas acima dos seus limites.
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Por isso, não vou torcer na decisão desse domingo. Quero sentir o jogo com frieza. De um lado, os holandeses Van Persie, Robben, Sneijder e cia encaram essa oportunidade como única; do outro, o goleiro Casillas comanda uma locomotiva, disposta a ultrapassar qualquer barreira. Resta saber quem terá a coragem de lançar-se primeiro, arriscar-se mais.
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Para mim, o fato mais positivo da Copa 2010 da África do Sul é o encontro inédito de duas seleções técnicas para decidir o título. Não fico machucado, como alguns amigos, por serem seleções europeias. Elas foram melhores. Dessa vez, o sul-americanos não foram bem representados pelo Brasil e restou-lhes o inédito quarto lugar do Uruguai (muito comemorado por eles).
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Paciência, não vou torcer!
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Ainda bem que o periquito Mani, lá em Cingapura, desmentiu o polvo Paul, lá na Alemanha. Paul apontou a Espanha campeã; Mani apontou a Holanda campeã. Paul tem 100 % de acertos. De uma forma ou de outra, continuo com a sensação que as duas seleções chegam à decisão sem favoritismo. Digamos que a Espanha está mais ligada no objetivo.
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Vai vencer quem tiver mais desejo pela taça, quem "doar" mais "sangue", quem arriscar mais nas jogadas divididas e tantas outras obviedades. O que dá frisson no torcedor é não ter a certeza de que lado estará a obviedade. O que decepciona o torcedor é ver o time com melhor qualidade não ser óbvio. Daí, é melhor não torcer.
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