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    segunda-feira, 19 de outubro de 2009

    O IMPERADOR LUIZ CARLOS E O REI RENAN

    O anúncio da rescisão de contrato do atacante, Luiz Carlos, pelo diretor de futebol do Fortaleza, Renan Vieira, nessa segunda-feira, criou um verdadeiro alvoroço na torcida tricolor. Até setores da imprensa tomaram partido da situação. Houve quem saísse em defesa do jogador. Uns, por interesses pessoais; outros, talvez, para ficarem ao lado da maior parcela da torcida, que teme pelo rebaixamento sem Luiz Carlos no ataque.

    Logo, vou adiantar que não estou de lado algum. Muito menos estou disposto a julgar quem quer que seja. Na rádio, sobre o assunto, fiz questão de analisar a decisão dos dirigentes, baseada nos fatos apresentados como motivadores da querela. Fora disso, são inúmeras as versões dos dois lados. Pouco a imprensa publica porque ninguém assume de forma oficial.

    As grandes decisões são dolorosas. Um lado sempre sofre mais. A ordem, no entanto, precisa ser restabelecida quando o controle está sendo perdido. Geralmente, quem toma a decisão é quem está perdendo o controle e não quem está "roubando" o controle. Quando é preciso tomar a decisão, pouco importa o dia, a hora, nem o local.

    Talvez, Luiz Carlos achasse que era mesmo o Imperador - que tudo pode. Esqueceu-se que o "poder" dele era limitado à relação gol-torcida e extrapolou. Achou que poderia viver na noite, ficar gordo como um Rei-Momo, criticar treinadores e companheiros de equipe, chegar atrasado e muito mais. Fez tudo que não devia. Nunca cobrou de si mesmo a forma física desejável.

    No jogo de sábado, contra o América (RN), cobrou empenho de Coutinho e Ticão - tudo certo até quando agrediu os companheiros verbalmente. Na reapresentação, chegou atrasado, discutiu, invadiu a sala de reunião e verberou. O treinador, Roberto Fernandes, irritado, entregou o cargo. Os jogadores repudiaram as atitudes de Luiz Carlos. E agora?

    Não está em discussão o artilheiro. Esse parece ter ficado em casa. Aliás, também esteve "ausente", em Natal, quando o time perdeu por 2 x 1, com gol de Dedé. Renan Vieira fez "mea culpa" e admitiu que demorou muito para tomar tal decisão. Mas, agora, não tinha outra saída. Alguém teria? Até mesmo a indisciplina tem limite. E para o Imperador, acabou.

    Por conta de "empurrar com a barriga", o Fortaleza contratou muito e mal, cometeu equívocos nas trocas de treinadores, jogou dinheiro no lixo, gerenciou mal as crises salariais e enfiou a cabeça no buraco negro. Sair ou não sair depende da competência em campo. Mas nenhum time, mesmo competente, jamais vai brilhar se não houver harmonia fora e dentro de campo.

    O Imperador acertou quando disse que os dirigentes contrataram mal, quando alertou Ticão e Coutinho sobre a marcação, quando disse que faz gols e a defesa deixa passar fácil. O Imperador só errou quando achou que era mais realista do que o Rei. Os gols de Luiz Carlos poderão até fazer falta, mas a harmonia do grupo poderá ser decisiva para salvar a cabeça do Leão da forca.

    Pode parecer contraditório, mas não é ficção nem paixão. Mais difícil é entender o que acontece intramuros de um clube de futebol. Nem sempre a conquista de títulos significa paz, nem sempre a permissão da indisciplina resultará em ambiente feliz e vitórioso. Não queiram mais fazer comparações com craques "barqueiros" do passado. Os dois (Luiz Carlos e Fortaleza) mostram que ainda têm muito que aprender com o mundo da bola.

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