Michel queria continuar jogando com Geraldo, mas não deu. |
A nossa vida é assim.
Às vezes caminha, paralelamente, com pessoas que gostamos, em circunstâncias que chamamos coincidência. Quando menos esperamos, o que pareceria mais uma coincidência não vinga e o paralelo se desfaz. Cada um vai para um lado e a vida continua. O que ficou para trás passamos a chamar de lembranças (para uns) ou história (para outros).
É o que acaba de acontecer com o volante Michel e com o meia Geraldo, que até meados do Brasileirão 2011 estavam jogando no time do Ceará Sporting, onde se encontraram pela primeira vez em 2009. Michel havia chegado em 2008. Geraldo saiu para o Itumbiara/MG, em 2010, mas retornou na mesma temporada e os dois seguiram juntos.
O paralelo entre Michel e Geraldo começou mesmo, em 2006, quando o Sport iniciou a sequência de conquistas do pentacampeonato pernambucano. Geraldo já era titular no Leão da Ilha enquanto Michel estava chegando do Confiança/SE, discreto, cheio de esperanças. Não era pra menos, afinal estava saltando do modesto Boca Junior/SE para o Supertime da Ilha num período de dois anos.
Geraldo saiu do Sport para o Coritiba, ainda em 2006, logo depois daquele título que os rubro-negros esperavam há duas temporadas. Michel seguiu até 2008 vestindo a camisa do Leão da Ilha. No reencontro, com a camisa alvinegra, Michel e Geraldo eram os pilares do meio campo do Ceará. Foi assim até 2011, quando Geraldo decidiu se transferir para o Vitória/BA.
Agora, tudo conspirava para novo reencontro quando o destino de cada um deles determinou caminhos diferentes. Michel está chegando ao Vitória enquanto Geraldo está saindo. E não é certo que ainda existirá outra oportunidade para que Michel e Geraldo caminhem paralelamente. O "Senhor Tempo" começou a cobrar outra decisão do meia Geraldo: a hora de pendurar as chuteiras.
Com 31 anos, a serem completados no dia 8 de junho, o volante Michel está um pouco mais distante dessa hora que aguarda Geraldo. No dia 6 de fevereiro ele completará 38 anos. Mesmo com tanto fôlego, importante articulador de grupo, o G10 já encontra dificuldades para garantir a titularidade da camisa 10. Ser competitivo, durante 90 minutos ou boa parte do jogo, já não é seu ponto forte.
Por essas e outras, Michel chorou a cada momento em que se despedia dos companheiros em Porangabuçu. O M5 começou a sentir saudades da caminhada que manteve, paralelamente, com alguns companheiros que se identifica mais. Imaginou que pudesse estar recomeçando uma caminhada paralela com Geraldo, mas logo soube que não seria possível e "desabou".
O goleiro Marcos, do Palmeiras, fez diferente. Não olhou para trás nem imaginou o futuro. Evitou paralelos. Com as férias, aproveitou a distância, a ausência e tantos outros fatores para decidir que era chegada a hora de pendurar as chuteiras. Conversou com a família sobre "o fim de uma vida" e "o começo de outra" e encerrou o assunto sem especulações.
A nossa vida é assim.
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