Quanto nossos clubes têm no caixa? |
Depois de ouvir alguns números sobre previsão orçamentária de alguns clubes brasileiros para 2012, confesso que fiquei deprimido ao refletir sobre as situações de Ceará, Fortaleza e Ferroviário. Assim mesmo, nessa escala. O Ceará viu evaporar R$ 30 milhões com o rebaixamento para a 2ª Divisão do Brasileiro, o Fortaleza luta para quitar dívidas trabalhistas e montar um time que não volte a frustrar a torcida no desejo (e necessidade) de subir para 2ª Divisão e o Ferroviário vive uma das piores crises de sua história.
Não coloquei nessa reflexão, o Tiradentes (também da capital) nem o Horizonte (da Região Metropolitana), que já estão habituados a trabalhar sem previsão orçamentária. O primeiro, conta com os oito mil sócios voluntários (militares da PM do Ceará), que colocam quase R$ 100 mil no caixa do clube. O segundo, conta com a criatividade do presidente Paulo Wagner, além de ajudas de empresas e do Município.
Nos clubes do interior do Estado, a palavra ORÇAMENTO deve soar como um palavrão. O Icasa não aprendeu a se planejar e caiu para a 3ª Divisão. O Crateús subiu para a 1ª Divisão do Cearense 2012 sem estrutura melhor que os demais interioranos, mas promete novidades. É uma incógnita. O Guarany de Sobral funciona como "time dos Torquato" e, por isso, administra relativamente bem as finanças. Crato e Guarani de Juazeiro ainda têm que provar eficiência com uma vida longa sem rebaixamento.
O SUSTO
Vou citar apenas três exemplos de orçamentos para 2012.
O Flamengo do Rio/RJ tem um orçamento de R$ 203 milhões, menor que a dívida de R$ 280 milhões. Somente a folha de pagamento do time vai consumir R$ 58 milhões. A presidente Patrícia Amorim disponibilizou R$ 18 milhões para contratações. Parece muito dinheiro, mas a grandeza do Flamengo e a competitividade exigem bem mais do administrador rubro-negro. A questão é saber se o orçamento será cumprido ou não. Pra começar, o Flamengo já está pensando em pegar dinheiro adiantado do contrato com a TV.
O Vitória de Salvador/Bahia tem um orçamento de R$ 50 milhões, com a garantia de R$ 30 milhões do contrato com a TV, apesar de ter caído para a 2ª Divisão, por ter direitos garantidos no Clube dos 13. O Vitória ainda conta com negociações de jogadores da Base e restos a receber de transações feitas na temporada 2011. Se o time for bem em campo, a torcida pode comparecer ao Barradão com boa frequência, garantindo reforço no caixa.
O Santa Cruz de Recife/PE está mergulhado numa dívida impagável (?) para alguns, estimada em mais de R$ 50 milhões. Por causa disso, está com as contas bloqueadas pela Justiça para recebimentos. Agora mesmo, o Internacional portoalegrense não paga R$ 850 mil da transferência do atacante Gilberto, alegando bloqueio judicial. O Santa se defende e diz ter feito um acordo com o Banco Central, mas está de "mãos atadas". A diretoria contratou o professor Marcos Soares para "obrar um milagre" financeiro.
Qual comparação faria entre esses três exemplos e os três maiores clubes da capital cearense?
O Ceará acreditou que não cairia até a última rodada do Brasileirão, mas caiu. Agora, corre para fazer um novo plano administrativo-financeiro com demissões, revisões salariais e ajustes de gastos. Tarefa complexa e traumática. Ainda não se sabe quais serão os reflexos fora e dentro de campo. E quanto será mesmo o orçamento do Ceará para 2012? Difícil ter uma resposta concreta.
O Fortaleza não está refazendo as contas. Pelo menos isso. Conseguiu arrecadar dinheiro para pagar acordos trabalhistas na ordem de R$ 60 mil mensais até que volte a entrar dinheiro no caixa. Agora, aposta em montar um time na base da "garimpagem" do técnico Nedo Xavier, com jogadores desconhecidos e baratos. Se a aposta for correta, tudo bem; se der errada, as consequências podem ser terríveis.
E o Ferroviário, que volta a jogar após sete meses parado! Depois de muitos desencontros, o deputado Wanderley Pedrosa foi eleito presidente do clube e encontrou 10 meses de salários atrasados, estrutura física sucateada, dívidas com fornecedores (até para a alimentação diária), falta de bolas para treinar e o material utilizado ainda é o mesmo do ano passado. O técnico Júlio Araújo está montando o time, mas a única vitória até agora foi o pagamento de três meses de salários.
Paremos por aí.
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