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    terça-feira, 27 de dezembro de 2011

    Qual é o orçamento do futebol cearense?

    Quanto nossos clubes têm no caixa?

    Depois de ouvir alguns números sobre previsão orçamentária de alguns clubes brasileiros para 2012, confesso que fiquei deprimido ao refletir sobre as situações de Ceará, Fortaleza e Ferroviário. Assim mesmo, nessa escala. O Ceará viu evaporar R$ 30 milhões com o rebaixamento para a 2ª Divisão do Brasileiro, o Fortaleza luta para quitar dívidas trabalhistas e montar um time que não volte a frustrar a torcida no desejo (e necessidade) de subir para 2ª Divisão e o Ferroviário vive uma das piores crises de sua história.

    Não coloquei nessa reflexão, o Tiradentes (também da capital) nem o Horizonte (da Região Metropolitana), que já estão habituados a trabalhar sem previsão orçamentária. O primeiro, conta com os oito mil sócios voluntários (militares da PM do Ceará), que colocam quase R$ 100 mil no caixa do clube. O segundo, conta com a criatividade do presidente Paulo Wagner, além de ajudas de empresas e do Município.

    Nos clubes do interior do Estado, a palavra ORÇAMENTO deve soar como um palavrão. O Icasa não aprendeu a se planejar e caiu para a 3ª Divisão. O Crateús subiu para a 1ª Divisão do Cearense 2012 sem estrutura melhor que os demais interioranos, mas promete novidades. É uma incógnita. O Guarany de Sobral funciona como "time dos Torquato" e, por isso, administra relativamente bem as finanças. Crato e Guarani de Juazeiro ainda têm que provar eficiência com uma vida longa sem rebaixamento.

    O SUSTO

    Vou citar apenas três exemplos de orçamentos para 2012.

    O Flamengo do Rio/RJ tem um orçamento de R$ 203 milhões, menor que a dívida de R$ 280 milhões. Somente a folha de pagamento do time vai consumir R$ 58 milhões. A presidente Patrícia Amorim disponibilizou R$ 18 milhões para contratações. Parece muito dinheiro, mas a grandeza do Flamengo e a competitividade exigem bem mais do administrador rubro-negro. A questão é saber se o orçamento será cumprido ou não. Pra começar, o Flamengo já está pensando em pegar dinheiro adiantado do contrato com a TV.

    O Vitória de Salvador/Bahia tem um orçamento de R$ 50 milhões, com a garantia de R$ 30 milhões do contrato com a TV, apesar de ter caído para a 2ª Divisão, por ter direitos garantidos no Clube dos 13. O Vitória ainda conta com negociações de jogadores da Base e restos a receber de transações feitas na temporada 2011. Se o time for bem em campo, a torcida pode comparecer ao Barradão com boa frequência, garantindo reforço no caixa.

    O Santa Cruz de Recife/PE está mergulhado numa dívida impagável (?) para alguns, estimada em mais de R$ 50 milhões. Por causa disso, está com as contas bloqueadas pela Justiça para recebimentos. Agora mesmo, o Internacional portoalegrense não paga R$ 850 mil da transferência do atacante Gilberto, alegando bloqueio judicial. O Santa se defende e diz ter feito um acordo com o Banco Central, mas está de "mãos atadas". A diretoria contratou o professor Marcos Soares para "obrar um milagre" financeiro.

    Qual comparação faria entre esses três exemplos e os três maiores clubes da capital cearense?

    O Ceará acreditou que não cairia até a última rodada do Brasileirão, mas caiu. Agora, corre para fazer um novo plano administrativo-financeiro com demissões, revisões salariais e ajustes de gastos. Tarefa complexa e traumática. Ainda não se sabe quais serão os reflexos fora e dentro de campo. E quanto será mesmo o orçamento do Ceará para 2012? Difícil ter uma resposta concreta.

    O Fortaleza não está refazendo as contas. Pelo menos isso. Conseguiu arrecadar dinheiro para pagar acordos trabalhistas na ordem de R$ 60 mil mensais até que volte a entrar dinheiro no caixa. Agora, aposta em montar um time na base da "garimpagem" do técnico Nedo Xavier, com jogadores desconhecidos e baratos. Se a aposta for correta, tudo bem; se der errada, as consequências podem ser terríveis.

    E o Ferroviário, que volta a jogar após sete meses parado! Depois de muitos desencontros, o deputado Wanderley Pedrosa foi eleito presidente do clube e encontrou 10 meses de salários atrasados, estrutura física sucateada, dívidas com fornecedores (até para a alimentação diária), falta de bolas para treinar e o material utilizado ainda é o mesmo do ano passado. O técnico Júlio Araújo está montando o time, mas a única vitória até agora foi o pagamento de três meses de salários.

    Paremos por aí.

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