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    terça-feira, 22 de dezembro de 2009

    ÁFRICA DÁ LIÇÃO NA COPA 2010

    Não posso negar que tenho feito comentários (no blog, no twitter, na rádio, no botequim...) a favor da realização da Copa 2014, no Brasil. Da mesma maneira, não devo esconder uma certa preocupação com a facilidade brasileira das más intenções. Minhas orelhas esquentaram ao ler esse texto, escrito pelo repórter Jorge Luiz Rodrigues, de O Globo, logo que retornou da África do Sul, ainda este mês.
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    Jorge Luiz cita, especificamente, o estádio Maracanã (Rio de Janeiro), mas é possível imaginarmos o estádio Presidente Vargas (Fortaleza), estádio da Fonte Nova (Salvador), estádio Morumbi (São Paulo), estádio Vivaldão (Manaus), estádio Mané Garrincha (Brasília), entre outros. Leiam:
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    "…acabo de voltar da África do Sul, onde, em sete dias, visitei cinco estádios novinhos em folha da Copa-2010. Após essa experiência, não temo escrever que não temos no Brasil um só projeto decente de estádio para 2014.
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    Além de atrasado e de não ter consistência, o novo projeto de reforma do Maracanã encarece o custo (por baixo, R$ 500 milhões) por causa de uma constatação básica: qualquer remodelação de um estádio com 60 anos de uso precisará recorrer a artifícios para atender às exigências da FIFA.
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    E, sabe-se, artifícios geram custos, encarecem obras e nem sempre atendem os objetivos. Ninguém reparou, mas há outro fato grave no projeto… O entorno do Maracanã, exceto pelo estacionamento na Quinta da Boa Vista, não tem plano algum. Planos de transporte, de escoamento, de acesso.
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    Também porque, em vez de construir alternativas para o Parque Aquático Júlio de Lamare e o Estádio de atletismo Célio de Barros, prefere-se mantê-los ali, sem chance de transformá-los em pistas e piscinas de primeiro mundo noutro lugar.
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    Em Durban, Porto Elizabeth, Nelspruit, Polokwane e no Soccer City de Johanesburgo, onde estive, houve estouro de orçamentos, atrasos, custo mais alto, mas fizeram-se novos estádios, modernos, sem vícios e a custo às vezes menor (exceto Soccer City e Durban) do que o apresentado para reformar o Maracanã. Vale a pena reformar ou construir um novo?
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    Já foram R$ 200 milhões para o Pan, serão R$ 500 milhões para 2014, quantos mais para a Rio-2016? O Brasil ridicularizou a África do Sul. Falou-se que os africanos não conseguiriam fazer o Mundial. Está correto que há graves problemas de transporte e de hospedagem por lá. Mas não de estádios.
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    Mas, por aqui, há dois anos, desde a confirmação do Brasil como sede do Mundial-2014, o que vemos são muitos seminários e blablablá. Muita conversa fiada, sem conteúdo. Muita falação, pouca e quase nenhuma ação.
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    Nenhum projeto está atrasado. Mas em 1º de março, quando começará o prazo para o início das obras nas 12 cidades, veremos que nada terá começado. Até no Maracanã. Lá no fim, virá a conta. E os R$ 500 milhões ultrapassarão facilmente o R$ 1 bilhão. Mais do que o Soccer City e o Moses Mabhida de Durban novinhos em folha.
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    O Patrimônio Histórico faria um enorme favor se permitisse a demolição do Maracanã, em nome de um estádio mais moderno, capaz de atrair investidores, capazes de explorá-lo. Mas já se perderam dois anos e dois meses. Agora, a corrida é contra o tempo. Certamente o Maracanã-2014 não só terá deixado de ser o maior do mundo como também não será o melhor."

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